11 de outubro, 1999 11:00 a.m. hora de Nova York (1500 GMT)

Bebê de Sarajevo será o habitante
de número 6 bilhões da Terra

SARAJEVO, Bósnia-Herzegovina (Reuters) -- O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, saudará simbolicamente um recém-nascido de Sarajevo como o habitante de número 6 bilhões da Terra.

O privilégio caberá ao primeiro bebê a nascer após a meia-noite desta segunda-feira, hora local (2200 GMT), na maternidade do Centro Clínico Universitário da capital bósnia.

Mais de 10.000 moradores de Sarajevo, entre eles cerca de 1.500 crianças, morreram durante o cerco sérvio a esta capital, entre 1992 e 1995. Mas um porta-voz da ONU insistiu que a escolha da cidade foi apenas uma coincidência.

"Simbolicamente, decidimos homenagear o bebê de Sarajevo", declarou Douglas Coffman. "Mas não há motivos políticos ou qualquer outra razão por trás dessa decisão. Se o secretário-geral estivesse em Nova York, seria um bebê nova-iorquino".

No mês passado, a ONU definiu o D6B -- o dia em que a população mundial passará de 6 bilhões -- como 12 de outubro. Durante visita de dois dias à Bósnia, que é familiar a Annan desde seu tempo como chefe das operações de paz da ONU, o secretário se reunirá com autoridades internacionais e visitará um orfanato em Sarajevo.

Um relatório divulgado em setembro pelo Fundo de População da ONU (UNPFA) informou que cinco crianças nascem a cada segundo no mundo -- a maioria na África e na Ásia -- e seu destino é a pobreza, o analfabetismo e uma expectativa de vida de não mais que 55 anos.

Ainda segundo o UNPFA, a população mundial duplicou desde 1960, mas o crescimento demográfico desacelerou dos 100 milhões para os 78 milhões anuais. Mais de um bilhão de pessoas estão desprovidas das necessidades básicas para a sobrevivência.

Uma conferência realizada pela ONU em 1994 calculou que seriam precisos 17 bilhões de dólares até o ano 2000 para atividades como planejamento familiar global. Mas apenas 10 bilhões de dólares haviam sido arrecadados até 1997.

A menos que os Estados Unidos e a União Européia, que contribuíram com 2 bilhões de dólares, em vez dos prometidos 5 bilhões de dólares anuais, aumentem a verba, problemas como mortalidade infantil, gestações indesejadas e disseminação do HIV se agravarão expressivamente, alertou a agência.

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