SEUL,
Coréia do Sul (AP) - Os quatro anos de fome na
Coréia de Norte já provocaram 3,5 milhões de
mortes e, após um período de melhoria, a situação
pode se agravar caso a ajuda externa seja cortada.
O alerta
foi feito nesta segunda-feira pelo "Bons
Amigos", um grupo budista de assistência,
sediado na Coréia do Sul. A estimativa quanto às
vítimas da fome foi feita com base na entrevista de
2.700 refugiados norte-coreanos que vivem na China.
"As
mortes em massa na Coréia do Norte pararam, mas a
desnutrição prossegue em níveis perigosos",
declarou o reverendo Pumnyum, chefe do grupo privado,
em entrevista coletiva.
"As
colheitas deste ano deverão ser melhores do que as
anteriores, o que, somado à ajuda externa, deverá
ajudar a amenizar consideravelmente a falta de
alimentos", acrescentou.
Um
relatório elaborado no ano passado pelo Congresso
dos Estados Unidos calculou que cerca de dois
milhões de norte-coreanos já haviam morrido de
fome. É muito mais do que os 220.000 casos de mortes
relacionados à fome relatados pelo Governo da
Coréia do Norte em 1998 e os 270.000 informados na
semana passada pela Coréia do Sul.
Segundo o
"Bons Amigos", a pesquisa com os refugiados
norte-coreanos na China, realizada entre novembro
passado e abril deste ano, mostrou que a fome está
cedendo consideravelmente a cada ano. Depois de matar
800.000 pessoas em 1998, a escassez de alimentos, de
acordo com Pumnyum, roubará 200.000 vidas este ano.
"A
situação na Coréia do Norte está melhorando. Um
exemplo é a luz elétrica, que agora chega a casas
mais pobres até nas cidades mais remotas da
fronteira", disse Pumnyum.
A
indústria agrícola norte-coreana entrou em colapso
após décadas de mau gerenciamento, o que foi
agravado pelas secas e enchentes dos últimos anos.
Desde 1995, o país recebeu cerca de 1 bilhão de
dólares em alimentos doados por outros países e
organizações internacionais.
Um estudo
do Programa Mundial de Alimentos, do UNICEF e da
União Européia apontou que, devido à falta de
alimentos, 62 por cento das crianças norte-coreanas
com menos de sete anos sofrem de distúrbios do
crescimento.
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